Terapia

- Olá! Tudo bem?
- Tudo. E vc?
- Estou bem!
- ...
- ...
- Dra... Eu vim aqui porque queria ser ouvida.
- Pode falar. Estou prestando atenção.
- Não, não... Não por você! Pelos outros.
- Por quê? Você acha que os outros não te ouvem?
- Sim, tenho certeza! Quando eu falo coisas que são importantes pra mim, não me ouvem.
- Que coisas?
- Ah, na verdade as coisas não importam! O que mais importa é que me ouçam.
- Ok. E por que você acha que eles não te ouvem?
- Não sei... Só sei que quando estou falando, olham pros lados, se distraem facilmente... Aí percebo que eles não estão interessados e não falo mais. Eles percebem, pedem pra eu continuar, pedem desculpas... Mas aí, não quero mais.
- Entendo...
- E tem mais! Às vezes falo uma coisa e eles interpretam outra. Diferente e sempre com uma conotação negativa. Como se eu estivesse falando algo ruim, quando, na verdade, não foi nada daquilo que eu disse. Aí não falo mais.
- Isso acontece com todos eles?
- Não... Na verdade mais com ele, especialmente.
- Ah, entendi... Você quer que ele te dê atenção e ele não dá.
- Não, não... Ele dá sim! Mas não me ouvidno, de outras formas...
- Diga a ele que isso é importante pra você!
- Eu já disse! Ele diz que é o jeito dele. Que ele presta atenção no que eu digo. Às vezes ele até repete o que eu disse, só pra provar que estava ouvindo.
- Então ele te ouve, certo?
- Certo... Mas preciso que ele me ouça com os olhos, com os braços... Preciso que comente sobre o que eu estou falando...
- Você já disse isso a ele?
- Não, isso eu nunca disse.
- Então diga! Tenho certeza que fará bem pra vocês dois!
- Vou dizer! Mas e os outros? E como faço pra não me interpretarem mal?
- Puxa, já se passou 1 hora. Falamos sobre isso na próxima sessão, tudo bem?
- Tudo. Até!

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E pra quem não leu o fim da história "Do convite aceito":

Parte 6 - Lucinéia
Grand Finale - Hibs, no blog da Lu Longo. Perae! Por que ela não tem seu próprio blog?

Adorei fazer parte disso! Encontrar tantos estilos diferentes de escrever, pessoas diferentes e fantásticas, cada uma a seu modo. Tantos sotaques! Enfim, foi uma experiência muito interessante!

Esperando a próxima!!!

Bjks!

Do convite aceito - Parte 5

Continuando a emocionante história "Do convite Aceito"...

Esta já é a quinta parte! Se não leu as outras, ou se já leu e esqueceu, entre nesses outros blogs pra entender:

Lu Longo - parte 1 e onde a idéia começou
Tita - parte 2
Laís - parte 3
Fer-Nando - parte 4

Terraço Itália

- Boa Noite! Posso ajudar?
- Vou ao restaurante. Ao terraço.
- Ah, sim, claro. Fique à vontade. Pegue qualquer um dos elevadores, o ascensorista te guiará até a cobertura. É a primeira vez que nos visita?
- Sim.
- Você irá adorar a vista! Verá São Paulo a seus pés!
- Obrigada.

- Terraço, por favor.
- Sim senhora.

Mais de 40 andares. Pensava. "Agora não tem mais jeito. Só o que tenho a fazer é me aproximar da janela e pular". O silêncio do elevador causava desconforto. Olhava para o teto, para as paredes, para os botões. E continuava ponderando se era realmente aquilo que queria fazer. Será que ele choraria sua morte? Iria a seu funeral? E se ele não fosse, quem iria? Pensou que não faria falta a ninguém. Morava sozinha há algum tempo. Não recebia visitas. Sobrevivia.

- É aqui.

Andou em direção à varanda. Passos lentos, porém decididos. Sim, havia decidido! Não via sentido em continuar vivendo daquela forma. Ele não o amava! Era como todos os outros, que prometeram a ela uma vida feliz, mas não cumpriram. E ela se entregava, acreditava, amava! E sempre acabava sozinha. Mas agora tudo iria acabar...

Aproximou-se da varanda e viu. A cidade que não dorme toda iluminada! Os carros passando, as luzes acesas. Um céu estrelado, no chão. E parou por um instante para admirá-la...

Tempo... Minha relação com o tempo é uma coisa complicada... Bagunçada! Aquilo de planejar o tempo para conseguirmos fazer tudo comigo nunca funcionou! Será que eu já tentei o suficiente?

Sou escrava do relógio. Ele guia minhas ações rotineiras. Sábado e domingo é dia de acordar tarde, certo? Certo. Mesmo que meu corpo queira acordar cedo, se ao abrir os olhos eu ver no relógio que ainda são 07:30 eu não levantarei! "Mas o que é isso? Já despertou? Mas ainda é cedo! Não, não... Vai ter que ficar aqui até às 09:00, pelo menos!!!".

12:00 é hora de almoçar! Mas estou sem fome... Não importa! Coma só um pouquinho, mas não deixe a hora passar...

Quando não há compromissos marcados e nem a obrigação de uma rotina, tudo fica confuso! Hora de levantar? Qualquer uma! De preferência depois das 10:00. Hora de ver TV? O dia inteiro! Hora de começar o TCC? Mas ainda nem começaram as aulas! Deixa pra depois... Agora é hora de... De que mesmo?